“Escrevi-o
aqui ontem, quando soube da morte de Mandela:
Lá virão as carpideiras, tantas em pensamentos, palavras e obras tão
contrários à vida de Mandela, tecer-lhe todos os elogios. O costume.
Meu dito,
meu feito. Angela Merkel, Durão Barroso, Cavaco Silva, David Cameron, Alberto
João Jardim, Passos Coelho, Rui Machete, Teresa Leal Coelho, João Almeida,
Assunção Esteves, Condoleezza Rice, Bill Gates, lá vieram estes e muitos outros
em procissão de dia de todos os santos, os olhos marejados de lágrimas, os
rostos alquebrados, as vozes embargadas, um corrupio de tocantes declarações de
admiração e de louvor a um homem que lhes foi muito superior em humanidade,
espírito de sacrifício, entrega total à causa do seu povo contra um regime
profundamente racista.
Até na bolsa
de Nova Iorque, o lugar onde se compram e vendem acções, se compram almas, se
vendem consciências, se fez um minuto de silêncio por Mandela tendo por pano de
fundo, ironia suprema, um cartaz da Goldman Sachs. Toda a hipocrisia do mundo
simbolizada naquele minuto.”
in quatro almas
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